quarta-feira, janeiro 25

Relacionamento a dois, terapeutas, casamento, pacotes de vida e harmonia

Não tenho tido descanço para conseguir escrever os meus posts ... mas como o meu comentário ao post "Aí as trintas!" de 23Jan2006 da TrintaPermanente é grande, aqui fica em post.

Foi preciso chegar aos trintas para este homem perceber que um relacionamento longo deve (?) passar por etapas como as de 1. construção da relação, 2.dúvida do eu na relação e 3a etapa construção e crescimento do eu na relação, e renovação do ciclo a diferentes níveis (ora acima ora abaixo). Nem todos conseguem desenvolver a terceira etapa junto do parceiro. Há dores de crescimento ...!!! Mas sinceramente ... julgo que cada vez mais as mulheres são **MENOS** ludibriadas ou rejeitadas!!! Ou pelo menos devem ser tanto quanto os homens ...

Os terapeutas não resolvem nada, apenas minimizam a dor ... se necessário recorrendo a medicamentos. Alguns fazem o papel dos amigos de quem não os tem. Mas a dor é sinal de uma necessidade interior! Quem melhor do que cada um é que sabe resolver os seus próprios problemas ...??? Isto à parte neuroses, psicoses e outras ... que são mesmo para os terapeutas.

O casamento é um contrato (tal como o pacto antenupcial por escritura pública) que visa assegurar direitos e deveres ... há quem diga que como qualquer compromisso sério na vida tem benefícios e muitos riscos ... e há que assumi-los com atitude ... por isso a palavra casamento em si assusta muita gente :-)! A festa ofusca muita outra gente, e como se trata de um momento feliz ... muitos anseiam apenas por obte-lo. Parece ser a garantia de uma felicidade!? Que ilusão ... No meio disto tudo importa aprender que a vida não se compra em pacotes de momentos ... constroi-se e festeja-se!!!

Qualquer compromisso baseia-se sempre na confiança ou na força. Queiramos ou não, um dos sentimentos que mais desenvolvemos é o relativo à confiança e ao medo e nem sempre os sabemos justificar ... e muitas partidas nos pregam ao longo do tempo ... é a vida!

A harmonia nasce dentro de nós na concretização do caminho que traçamos/seguimos dentro das nossas possibilidades (nosso alcançe e esforço), e não necessita obrigatópriamente de depender dos outros. Quem conhece um pouco das culturas orientais já deve ter presenciado esta afirmação na vida real. A nossa civilização ocidental parece que só agora está a despertar para essa necessidade.

Ops ... já me alonguei ...

Um brinde a todos os que questionam a sua vida e se aplicam para melhorá-la. No fundo, mesmo que incógnitos, todos acabamos por de alguma forma beneficiar com esses esforços pessoais.

quarta-feira, janeiro 18

Uma teoria para a evolução de "parceiro querido" a "pai dos filhos"

*** Considere-se uma séria e intima relação! Considere-se o momento da chegada do primeiro/segundo filho! Então, aí está uma oportunidade - para quem se permita aproximar - de embalar e transformar o relacionamento. ***

Repare-se ... a quantidade de acontecimentos e emoções é um verdadeiro turbilhão. As noites mal passadas ajudam a criar um "nevoeiro" e alguma desorientação."Ajudas" não faltarão, pois que motivo melhor para os sogros, família e amigos literalmente e despodoradamente invadirem o espaço intimo e quererem "ajudar" a decidir e a fazer. Tanta boa intenção!!! Que oportunidade para sugar a doce e inocente alegria abundante daquela relação para satisfazerem as suas frustantes vidas! Que oportunidade para sugar umas festanças à custa de outrem!

E se o companheiro que nesse momento quiser refrear algumas intenções! Ai Jesus, caí o Carmo e a Trindade ... O companheiro lucido dificilmente tem armas para estas lutas emocionais e de chantagem tal é a desporporção numérica e tal é o seu cansaço de noites mal dormidas ... e trabalho durante o dia .... que redefinirão jogos de poder no futuro. Agora são dois a favor ... e um contra! Se impõe limites ou mesmo se apenas fala ... tadinho, tá com ciumes! Se não impõe ... cede o seu lugar pois enquanto não impuser terá de aceitar ... não terá apoios ... poucos terão a lucidez ... e perceba-se o momento não ajudará as pessoas menos informadas!

É nesta altura que o antes parceiro ideal e querido passa a ser aquele TU novo-chato ou TU novo-bananas (há outras opções??) que deve/tem de chegar SEMPRE cedo (os nossos pais estiveram a ajudar-me o dia todo ... não podias ter vindo às 15h30??? NUMCA?), não perturbar a harmonia do lar agora alargado a 7 ou mais pessoas, não sair tarde (nem penses ... nesta altura! não gozes comigo!), não ter ambições nem desvarios e trazer mais sustento, claro!!! TUDO, TUDO ... há tanta coisa gira para o bébé (raios até parece que o bébé está com obsessão em ir às compras) ... obrigações e mais obrigações e a liberdade mínima auto-impostas e/ou impostas pelo outro!

Transforma-se um homem no bom ou mau marido e dificilmente tem forças para se orientar no turbilhão ... a roleta está a rodar ... o rumo após esta etapa é dificil de definir ... não depende da vontade dos dois ... agora há muito mais gente ao barulho.

Os teus pais partilharam o festim!? Deviam ter-te ajudado a abrir os olhos ... Homem, abre os olhos que já és adulto ... Nessa altura tens de escolher ... queres passar a ser aquele tipo tristonho e "só" que faz casa-serviço-casa ... chega mais cedo ... caducou o querido ... agora é o bom ou mau pai dos miudos ... os amigos são encarados como um desvio do tempo dedicado à família ... porque para a nova senhora dos milagres ... a vida parece que tem de ser aquele sacrificio (a diversão parece arriscada e irresponsável ??) e hiprocrisia ... em nome da família ideal ... e do homem querido que deixou de o ser ...

Nessa altura tens de escolher ... porque se queres ser feliz tens de manter a chama interna acessa ... contra todos esses infelizes que acham que deves ser como eles ... afinal escolheste casar com a nossa filhinha ... não venhas com invenções que isso é falta de respeito à tradição familiar ...

Um brinde a todos aqueles que sabem ser responsáveis e divertirem-se, que sabem educar os seus rebentos e guardar tempo para revigorar a sua chama interior com felicidade!

quinta-feira, janeiro 12

Good guys and girls ... Where are they?

A temática dos relacionamentos apaixona de tal forma este homem que aqui fica uma reflexão à pergunta "Where have all the good guys gone?" do post de 2-Jan-2006 no blog TrintaPermanente. No final são sugeridos dois textos marcantes à temática ... e aceitam-se sugestões ....

Ilusões à parte, os "Good guys" só podem existir num contexto adequado. Esse contexto, que por exemplo sente-se porporcionado no contacto com a natureza, não é frequente no nosso dia a dia citadino. O ambiente de permanente stress que impomos a nós mesmos onde a competitividade e a produtividade que nos exigimos pressionam os níveis de adrenalina e agressividade, diga-se com verdade é mesmo pouco compatível com o romantismo que desejamos. Aí dificilmente encontramos um bom exemplar! Seria perfeito de mais ... Portanto excluamos 50% do dia-acordado.

No lazer deveria ser possível encontrá-los: no clube/ginásio, na piscina, na mediateca, no jardim, no café, no restaurante, no grupo de amigos, na praia, na montanha, na tertúlia ... mas não! Já reparam como a competitividade está presente nos momentos de lazer ... e lá se vai o romantismo e portanto excluímos mais 12.5% do dia-acordado.

Há aqueles momentos para deslocações e cuidados pessoais que ocupam uns 20% do dia-acordado. Aqui reinam o telemóvel, o computador, as redes, ... mas reconheçamos que nesses locais dificilmente identificamos um Good guy ou Good girl.

E restam 17.5% do dia-acordado! A janela de oportunidade de descoberta num dia de semana está restrita a 84 minutos !!!

Descobrir onde se retira essa capa de lobos e partilha o melhor que conseguimos ser, é defacto um desafio mais díficil do que poderia parecer! Pois, a questão está na forma como lidamos com a nossa intimidade e com a dos que nos rodeiam.

A intimidade partilhada é certamente o local onde procurar, mas nem todos sabem ou estão preparados para lidar com esse lugar. Têm que se expor ... e logo se nota se o coração tem algo ou é vazio! E quando tem pode ser vandalizado ... requerendo capacidade de autoreposição ... infelizmente muito politraumatizado das relações vivenciais é incapaz de o fazer!

Além disso, quantos vêm os pais amarrados em relações conflituosas e saturadouras? Sabem que não querem isso! Mas poucos têm uma ideia de onde possa estar o problema e por isso têm realmente medo de se envolverem ... e os que conseguiram amadurecer e têm ideia do que se passa em termos de evolução de uma relação a longo prazo ... sabem que como não se conhecem soluções há que testar relacionamentos ... são pioneiros e nada é garantido ...

Good guys and good girls are all hidden around us! Eles não se mostram, pelo que esperar é morrer só ou mal acompanhado ... mas resta acreditar no procurar e no saber/aprender a fazer construíndo contextos de intimidade dará muitas surpresas! E isso é viver ... Agora esticar a janela de oportunidades além dos 17.5% requer alguma magia ... e alguns dirão "muita química".

Por fim este homem gostaria de deixar ainda duas anotações.

1) Qual macho ?!... essa designação conotada com a antiguidade animalesca repugna todo o homem que cultiva a elevação ... contrapondo-se à maturidade adquirida na acção e no pensamento (e no rosto/sorriso) de um homem ... conseguida sempre com permanente esforço, sempre incompleto e inacabado e quase sempre tal é minimamente apreciado pela mulher. A elevação durante o relacionamento é na maioria das vezes uma heresia ao sonho de relacionamento da mulher actual pois é considerado um desperdicio de energias desviado para outras necessidades interiores que "não deviam existir" ... ora essa, ele não é já homem?!

2) Este tema aparece fortemente vincado em alguns livros. Marcantes foram o destino de "Madame Bovary" de Gustave Flaubert e a contrastar o irónico e inesperado destino (moralista) em "o Livro de uma Sogra" de Aluísio de Azevedo menos conhecido mas que recomendo vivamente (encontra-se em pdf a custo zero).